domingo, 8 de dezembro de 2013

Dando Defeito

Então bebi cicuta
eu já jaziado
blues etilizado
e comi de uma farofa
esquisita enquanto
as folhas esmagadas
me desciam na garganta.
No mesmo dia, antes
quis dar o nó no lençol,
a voz presa no quarto andar de um hotel fuleiro
gritando as agulhadas
e os papos com as cortinas secas de gelo.
E tinha um quadro cheio de comprimidos
para esconder aquilo que eu tinha visto na parede:
a sombra de um fígado
desenhado chamando meu nome,
a cicuta dando defeito
e eu já engasgado.

Flávio Corrêa de Mello

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