terça-feira, 11 de fevereiro de 2014

Vieram me prender


Um dia de explodir pequenas bombas
e passar rasteiras em poemas de cordel,
de abrir a água da torneira
e vê-la transbordar até molhar os pés.

Era para ser água e mel,
mas é de Fagner o sol
sem sombras da Cinelândia
e os versos de quadrilha do Drummond
rasgados na porta do teatro municipal.

Era o silêncio o seco da garganta
quando vieram me prender
disseram foguetes, rojões e pedras,
é o silêncio de cela que me deixa de ser
e na marca da cal é o gás que me cega.

Flávio Corrêa de Mello.

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