sábado, 5 de maio de 2012

Na Janela

Somam-se agora os anos,
os dedos, as agonias
e as calosidades deveras 
esperam o renascer 
de uma esperança.
Não acontece.

A vida segue esgueirada,
traduz-se por uma pequena bromélia
que surdamente teima em me indagar:
"Como poderia ter aparecido aqui
nesta sacada de apartamento, neste mármore
e debaixo desta janela gripada?"

Ainda insisto em passar WD40
nos calos e na janela
enquanto aprecio a tal lua daqui,
arremedo de vista que divido com minha bromélia,
aqui neste final de dia
torcendo para que minha barriga diminua um pouco,
a massageando agora ligeiramente,
agora oleosa e lubrificada.



Flávio Corrêa de Mello

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