sábado, 5 de maio de 2012

Quarenta

Em breve quarenta 
e me saco fora deste sombrio
perdimento de ser, o que ser?
(ainda persiste a pergunta, oras...)

e atrás da porta 
não há nada que subentenda
e até a poeira que fabriquei 
nestes anos é rala, reles e calva.

Se nos passamos ao longo,
se não houve o tempo de nos tornarmos velhos gambás,
foi porque ainda esquivamos os fiapos.

Em breve quarenta
e as coisas são todas tolas
menos o sol, as árvores,
a água carregada de bitucas
que escorre no ralo,
menos mesmo meu espírito
que me resplandece os olhos.

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