terça-feira, 5 de julho de 2011

A Myrian dos meus doze anos

Ai Myrian, Myrianzinha, minha Myrian dos meus 12 anos... que saudades, infinitas. Milhares de saudades daqueles tempos juvenis de me fechar no quarto e no banheiro e folhear aquela revista Playboy que te trazia meninamente linda na capa. Como me esquecer?

Como esquecer também da minha vó e seu constrangimento ao me flagrar quando eu deixei a porta do quarto destrancada. Ela não fez nenhum comentário, simplesmente fechou a porta. Mas bastou apenas um dia, uma manhã em que estava na escola para minhas revistas desaparecerem. Que infelicidade Myrian, você nem imagina. Eu e sua foto nunca mais nos vimos. Sabe, fiquei muito triste. Você era uma de minhas musas, sempre ali bela, de calcinhas e lingerie, bela e fogosa. Foi um milagre conseguir sua revista, já que o seu Rei comprara todos os exemplares para retirar de circulação. Não queria, suponho, que ninguém ousasse descascar a marreta pensando em você, nem os caras da turma, nem as meninas do velcro colado.

Talvez por isso, hoje, tenho preferências por mulheres. Talvez por isso, também, as meninas que gostam de meninas passaram a gostar mais ainda. Tudo culpa sua Myrian, minha imaculada Myriam, Virgíssima Myriam. Na verdade você não deveria ter posado nua para aquela revista. Mas posou e eu pousei levemente a mão em um exemplar e agarrei com firmeza.

Hoje sou diferente, acredito. Não deveria haver revistas com nudez à venda em nenhuma banca do Brasil, quiçá no mundo. Porque assim, sabe, essas revistas podem definir o futuro do sexo das pessoas. Aliás, devo dizer, devemos ter cuidado com quem colocamos para trabalhar em casa... eles podem desorientar nossos niños queridos, devo dizer. Também devemos ter cuidado em dar descarga com a tampa aberta pois há bactérias e risco de contaminação, temos que ter muito cuidado, mas muito cuidado mesmo, com tudo. Eu até que me descuidei recentemente, tive uma recaída, uma coisa demoníaca... me expus aos vírus e fui caçar uma imagenzinha sua na internet. Queria postar aqui na net, mas sumiu estranhamente.

Mas Myrian, afora toda a ironia acima, devo dizer... você era linda, cheia de vida, uma belezura, isso nas aparências... porque me pergunto: será que sua inteligência acompanhava (e acompanha) sua beleza física? Creio que não, mesmo que você invista em várias explicações, que retire suas imagens da net, foi muito deselegante seu fetiche explícito de motorista passando a marcha nos filhos da classe média-alta (já viu se pobre vai ter motorista).

Além, Myrian, chega dessa história de dizer que você tem direito de escolha... Esse tipo de afirmação é estúpida e homofóbica sim. Direito de escolha agora todos temos. Quem não tinha direito de escolha eram as pessoas que não podiam declarar legalmente suas afinidades sexuais, apenas na informalidade. E é isso do que se trata a questão. Nem ligo a mínima se seus filhos vão ser seduzidos por motoristas ou empregados, tô nem aí. Agora, se seu preconceito é tão sintomático assim, tome um remedinho Myrian, minha Myrian,  e volta a ser aquela que se enrolava cheia de óleo nos lençóis da minha cama. Ah que saudades...

Um comentário:

Sonia disse...

Menino, isto que dar uma "bofetada com luvas de pelica e alguns alfinetinhos docemente incluídos.

Parabéns pelo texto.