terça-feira, 22 de maio de 2012

Quando Dilma viu Os olhos do Chico.

Chico Buarque não recorda,
passei por ele na praia de Ipanema,
eu mineiriava verdes olhos no dele
com as pedras portuguesas no meio do caminho.
Chico Buarque não lembra, 
mas eu era um dos últimos navios 
que ele jamais havia navegado.

Mas Chico Buarque lembra 
daquele dia em que a Adelaide
quase pulou do sétimo andar, 
Julio de longe a olhava,
e um périplo de tesouras gritava:
Pula, pula, pula... Vai!!! Morre.

E eu estava lá sentada diante da tesoura,
da faca, do fio, do porrete, 
e era por aqueles olhos que eu vivia:
olhos de verdade, longe de lá 
eu ainda fugia do pau de arara, 
daquelas mãos que me vedavam os sonhos.
Mas ainda assim eu ventava, 
ventava, Chico, esse silvo esganido
que agora, quase trinta anos depois
me chamaram para contar a história
para todos os nossos olhos,
o meu, o seu, os deles, 
olhos de verdade. 

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