sábado, 12 de maio de 2012

A pintura



Ainda aquela pintura 
nem muito secou
nem muito molhou, 
breve, esplêndida
surgiu assim aquarela.

Era seio, era sorriso,
uns dentes maciços,
mais um peixe de espinhos,
uma praça, um banco,
uma mesa e um roseiral.

Lá estou também:
século dezenove.
Luzes e sombras.

Um vitral, um pé direito alto,
lá estou amortecido
olhos vítreos, suspensos,
boquiaberto,
diante daquela altivez,
da mão, do pé,
dela que me aguarda,
branca, macia e fresca,
calma e muda,
plácida, a idealizada.

Flávio Corrêa de Mello

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