quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

ENTREVISTA - SOLANO GUEDES

Solano Guedes é carioca e pai da simpática Sofia. Poeta. Estuda ARTES na Uerj e desde meados do ano 2000 intervém culturalmente na cidade carioca, já participou de mostras no Circo Voador e no Santa Teresa de Portas Abertas. Como escritor publicou um livro infantil pela Vieira & Lent Casa Editorial, a História dos três pontinhos. Escreve no blog Solano Guedes. E promete, ainda para 2011, a publicação de mais um título destinado ao público infantil.


Solano, você pode nos falar um pouco sobre a História dos três pontinhos?



Bom, Flávio, o livro fala de trajetórias e escolhas. A História dos Três Pontinhos é a tentativa de através de uma metáfora organizada no sentido de representar o mundo no ambiente da língua, utilizar como personagens elementos gráficos dessa mesma língua para discutir questões humanas básicas e comuns. Então, os pontos são os personagens principais da história, e cada um deles vai seguir um caminho diferente a partir de escolhas feitas, como acontece na vida de qualquer pessoa.

O fato é que um dos pontos em determinado momento se vê sozinho. Essa personagem que vai ser o fio condutor de uma narrativa que tenta mostrar a importância de uma busca, várias coisas acontecem a esse ponto, ele vai passar por uma série de situações, vai assumir várias funções, vai enfrentar dificuldades, enfim, vai viver... e o livro tenta de alguma forma estimular o questionamento em relação a vida e às relações de trabalho e convivência, sem fechar nada, não é à toa que eu termino o livro com uma pergunta...









Como surgiu a idéia para a História, para o livro?



Eu fazia um curso de design, e o trabalho final era fazer um livro. Eu passei sufoco, não sabia o que fazer e não queria entregar um trabalho qualquer. Uma tarde eu estava num bar que frequentei muito alí na São Salvador, peguei papel guardanapo e pumba! e de repente estava eu às voltas com pontos e letras criando uma história com vida própria, eu escrevia e me lembro de ter a sensação de estar apenas escrevendo algo que já estava pronto, não me lembro de maturar a idéia não, foi algo assim zapt! E tava pronto, claro que depois eu tive muito trabalho editando o material, mas o grosso estava alí, no guardanapo.depois trabalhei dois anos em cima do projeto gráfico e das ilustrações finais.

Demorei para publicar, escrevi aos 19 e só fui publicado aos 29, o livro dormiu muito tempo comigo, mas sempre soube que alí estava uma boa idéia e bem acabada, gosto muito do livro, gosto de tê-lo escrito. A editora matou a charada, o livro fala de felicidade, de busca por felicidade.


Há alguma identificação com algum ponto específico?


Eu me identifico muito com o asterisco, o ponto diferentão que vive fora do contexto... é inegável, mas a arrogância do ponto final também foi minha muitas vezes, e eu também tive o meu Dr.Q. Todos os pontos estão em mim de algum modo e a trajetória do protagonista tem a ver com a minha também, literatura pra mim é algo feito de muito pouca literatura e sim de muita vivência. Quando escrevi o livro eu era um rapazola, hoje vivi mais e posso perceber o quanto me identifico com o livro, sim, há muitas identificações, principalmente quanto à busca de cada ponto pela felicidade. Também busco isso. 



Qual a sua relação entre artes plásticas e literatura?


Na verdade minha matéria prima é a poesia, seja escrita ou falada, sempre a vivida. Do poema eu vou ao texto e posso ir ou não ao trabalho plástico. Eu estruturo meu pensamento na palavra, sempre há texto no que crio, no blog que mantenho há muito texto e vídeos onde o texto é a base, assim como na música, minha parte é a letra, a palavra é minha ferramenta e palavra pode falar de arte como de engenharia naval, palavra é coringa...





Seu livro teve excelente receptividade com os professores de Língua portuguesa e com as redes públicas de educação, de alguma forma você esperava que isso fosse acontecer? e que sensação lhe dá o fato de saber que ele está sendo trabalhado em sala de aula?



Em primeiro lugar fico muito grato aos professores. Muito mesmo. Ao escrever um livro eu não sei exatamente como esse livro vai, para onde vai, como será trabalhado...eu tenho talvez uma idéia, mas é só uma idéia, talvez tenha também uma intenção ao escrever mas não "espero algo" do livro, não espero que nada aconteça, eu simplesmente me concentro em escrever, em acabar o trabalho. Isso quando escrevo, ao escrever. Mas é claro que depois, olhando para o livro, percebi sim  que havia um potencial paradidático ali e fico muito feliz de ver A História dos Três Pontinhos nas escolas, com os professores, me sinto útil, e isso acaba me ajudando muito. Não sei se arte tem que ter utilidade ou não, mas um livro certamente deve se preocupar com isso.



Há algo de novo vindo por aí?


O blog http://solanoguedes.blogspot.com está me servindo de casa na rede, muita coisa nova lá, texto adulto, trabalhos plásticos, vídeos, fotos e desenhos. Este ano sai A Revolta das Vogais, pela Vieira e Lent Casa Ediitorial também, sem data certa ainda. É um livro que fala de minorias e maiorias es suas implicações, usando a metáfora do alfabeto, nele as vogais se revoltam contra as consoantes e isso acaba dando em muita confusão, confiram o poder da "bomba hiatômica"!




Um comentário:

Penélope disse...

Obrigada por passar pelo INFINITO e deixar seu comentário.
Vim para conhecer o teu também!
Abraço