quarta-feira, 5 de agosto de 2009

os espelhos

p/ Flavia

Dois espelhos colados.
Frente e verso. Reversos.
no meio dos dois a cola,
a linha espremida
e sufocada. Ali, nós,
como lençol
grudento de suor,
somos pasta de vidro.

Ali no meio somos amor,
somos no nome
- a essência é o nome.

Se a cola é úmida ou seca,
Se o amor é na cama ou na louça,
somos o diário, o cotidiano
de dois espelhos que roçam,
gripam e espaldam
quando o sol desponta,
quando a rusga aponta.

Esse é o encontro
daquilo que nem
sabemos o quanto
e o como,
o quando e o que se é:
o nome, a força, a constância,
então refletimos, sim
refletimos, apenas isso,
refletimos cada um
seu modo de iluminar
o rosto do outro.

5 comentários:

Jandira disse...

Belo poema. Flávia tá com tudo.
E tu também.
Bjo

Anônimo disse...

Chego aqui através de Roberta Mendes. E porque eu conheço as pegadas de quem me trouxe até aqui, já sabia que seria uma valiosa viagem.

Belos textos.

Ana

Flávio Corrêa de Mello disse...

Ana e Jan-jan,
a poesia é uma viagem maravilhosa, sem poesia a vida seria apenas vazio incompreensível.
obrigado pela visita.

líria porto disse...

flávio flávia
um colado ao outro
tomam a mesma forma
a mesma forma
a hóstia

imagem do amor

besos
líria

Unknown disse...

Lindo texto, lindas imagens!

Um abraco,
Elis