Um dia de
des-sóis,
Cabelos em
desalinho e vento de moto,
Fumaça carburada
no pulmão
E na espuma
da cabeça
A pergunta
de uma espelunca:
Como dizer o
contido,
que represado estoura os poros e as cervicais?
E cantar assovio
de sábia, se a brita é heavy metal?
Um dia de
bancos duros
e sósias das
coisas mais simples,
de partilhar,
de somar e de não dividir;
de teoremas
e tomos e filósofos da tal tomada
de
consciência de criar o comum a todos,
de coletivamente ser,
mesmo que ainda
assim,
eu fui
nascido de uma única placenta
de mãe e
seus dois seios.
Um dia cravo
fotos de revistas
antigas na
parede de um muro,
e insurjo no
des-sol o desalinho
de uma gente
feita para brilhar,
e paro de me
ser a lâmina cega da navalha
e corto e
corto e corro a notícia adiante:
PAREM DE NOS MATAR
PAREM DE NOS MATAR
nos campos,
nas pinheirinhos,
nos mares de
Marte,
na quinta
marcha da moto atravessando o túnel.
Neste dia, ainda
sou o braço que arrasta o guidom
no chão do
asfalto, a cinza pele de fuligem,
coberto de
minério tudo se esvai,
o des-sol é
lua seca,
é minha mãe
chorando
no cemitério
dos meus sonhos
e a artrose
do tempo dizendo:
o
velocímetro parou.
FCM
FCM
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