sábado, 1 de junho de 2013

Flores mortas



Quando se enterra,
se crava ou se escava
os dedos na terra
e se olha não a bela 
mas aquela flor lenta,
e que de secas as pétalas
as pedras mais água têm;

quando o corpo é o osso
reumático, anoréxico,
e ainda a teimosia avara
que estala todo o plexo,
nervoso, perplexo,
de tudo o dificultoso
de ir à terra e revirá-la;

Quando se carquilha
e já é morta a raiz,
as flores já sem vulto,
qual dentre elas levantara
diante de meus olhos
a ausência do mundo,
esse horror profundo?


Flávio Corrêa de Mello

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