domingo, 28 de junho de 2009

Alguns dilemas, dúvidas, proposições e uma confissão:

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Rio 1/4/09.

Do meu caderno de anotações alguns dilemas, dúvidas, proposições e uma confissão: buscar uma escrita que resuma meus anseios. Que seja amalgama e síntese de minhas próprias concepções literárias. E que eu me desrespeite, me inconforme e desconfie do que escrevo. Ir no fundo das minhas confissões e depois retrabalhar tudo. Ourivezar com ternura, mas rígido. Sair do meu mundo de aparências. Sair daquilo que eu quero aparentar ser literariamente. Não ser beletrista. Combinar a prosódia com a riqueza de imagens, trabalhar os elementos imagéticos combinando-os com ação. Minha poesia tem verbo. Há quatro anos trabalho no Rio Movediço, em alguns poemas não lembro das células iniciais. Por outro lado, ainda visualizo os nichos em alguns outros poemas. Pensar o Todo do livro, o percurso do sumário, cada poema tem que ter um "link", uma corrente co-sanguínea. Não há como negar, o livro agora está carregado de Jorge de Lima, de Pessoa, precisa de um pouco de Pavese. Vem naturalmente. Flui naturalmente, mas também é firme como gelatina. É montanha russa. Corredeira. Procuro evitar a experiência concreta, embora tem um ou outro poema de Haroldo de Campos que gruda no meu cabelo como chiclete. Sofro, sofro esta loucura de pré-escrita, de ranhura, de estabelecimento de conceitos antes da escrita. É o atrito da caneta no papel antes do atrito do dedo no teclado. É o atrito e é para ser rasurado. Saber que este caderno é um apanhado disperso, caldeirão no qual deposito qualquer espécie de pensamento, de contas a pagar, de telefones, de tudo, bolas! É o processo contínuo de escrevinhar. Na verdade, este caderno vermelho é o meu compromisso de intensificar meu ato de escrita, de escrever mais, mais, mais. Encontrar um horário para escrever é meu dilema. Faz-se necessária a disciplina. Duas horas por dia de escrita. Estabelecer um prazo para o término do livro. Sim, é isso. Mas quando, quando implementar...?

10 comentários:

Tatiana Carlotti disse...

Caramba, que baita sintonia! Não resisti, postei teu texto no meu blog! Lindo demais. Beijo!

Petê Rissatti disse...

Que beleza este blog, poesia pura. Obrigado pela visita. Tá adicionado.

Abraço grande

Tatiana Carlotti disse...

flávio, me veio uma idéia aqui... Mas uma idéia tão boa! Pq a gente não começa a discutir a produção literária, essas angústias num espaço e junta um bando de gente que está pensando também? Textos só sobre isso: o que é escrever para cada um, pq é tão difícil, o que é mais fácil? Uma discussão gostosa? Posso abrir uma seção no meu blog pra isso ou montamos outro blog só pra isso ou escrevemos e publicamos um no espaço do outro. Ou escrevemos no nosso e vamos discutindo, linkando todo mundo, construindo essa rede de pensamento bom? Que tal? Surtei com teu texto... rs... beijo!

Mari SP disse...

flávio, muito bom o seu site estou vindo pelo site da Tati que te recomendou. Parabéns, voltarei sempre. Mari

ADRIANO NUNES disse...

Flávio,

Há uma entrevista minha, feita pelo Mariano (Poeira de sebo), em meu blog. Se puder, dá uma paasada lá. Desde já agradeço!


Abraço forte!
Adriano Nunes.

Flávio Corrêa de Mello disse...

Olá Tati,
acho que essa idéia do espaço para discutirmos a necessidade de criação e como a "coisa" se processa é ótima!
Vamos nos falando.
Beijos e super obrigado por colocar o texto no seu espaço!

Flávio Corrêa de Mello disse...

Oi Petê,
é isso aí.. tamo juntos! teve lançamento do livor de vocês lá no Odeon. Infelizmente, não pude comparecer, mas fica pra próxima. abração!

Flávio Corrêa de Mello disse...

Olá Mari,
que bom que você gostou. Você posta em algum blog?
Volte sempre.

abçs

Flávio Corrêa de Mello disse...

Olá Adriano,

Vou lá ver sim.

Jorge Flores disse...

Olá Flávio,
tempos a tempos deparo-me com algum post, aqui e ali, de um amigo bagatelense. E que bom é. Encontrei esta tua prosa num dia de incertezas. Debato-me com muitas. Não vejo maneira de me disciplinar para a escrita. Tenho cinco (!!!) livros começados e sofro escrevê-los. Receio que não sejam bons ou apenas medianos. preciso de me focar... Aquele abraço! Jorge Flores, Portugal