Portfólio / Curricullum
domingo, 23 de novembro de 2008
UVITA FUN FUN
sábado, 22 de novembro de 2008
LANÇAMENTO - DESCONCERTO
Segue abaixo, o convite virtual e o release do lançamento:
‘Desconcerto’ traz pela primeira vez em livro os contos do escritor, poeta, resenhista e roteirista Claudinei Vieira.
Ao longo de mais de uma década, Claudinei tem publicado seus escritos, pensamentos e críticas principalmente pelos meios eletrônicos em importantes sites e blogs de literatura como Cronópios, iGLer, Paralelos – Globo Online, assim como o fundamental Capitu, e em dezenas de espaços virtuais. Observador fino da realidade, boêmio constante das noites e das histórias paulistanas, agitador cultural da metrópole, organizador de saraus, discussões e eventos literários que já fazem parte do calendário cultural da cidade de São Paulo, como os encontros com prosadores realizados na Casa das Rosas, na avenida Paulista, e com poetas no Sebo do Bac, na Praça Roosevelt, o autor não se preocupa somente em retratar uma visão.
Em cada conto, há a premeditação em desconstruir os enredos, em remontar a linguagem, em encontrar os pontos básicos em histórias e situações aparentemente banais e mostradas de uma forma que também aparentam uma extrema simplicidade. Só que para se perceba que dos detalhes, do extremo banalizado, existem possibilidades infinitas.
Desse modo, um copo quebrado por um garçom que assusta uma garota pode nos fazer pensar no sentido da vida, em conhecer uma bela história de amor, ou não provocar qualquer consequencia no cotidiano dos personagens ou no Universo. Um ladrão de galinhas pode conseguir comida para seus filhos ou ser morto pelo seu melhor amigo. Um delegado pode se intrometer na investigação do seu subordinado puxa-saco.
O tráfico de mulheres e crianças e a violência ao redor do planeta podem estar relacionados com a menina bonita que volta para as aulas ou com os urubus provocarem a verdadeira crise econômico-social no Brasil. Em outros tempos, um padre e um velho sábio discutem sobre religião e ciências, enquanto no centro da Amazônia uma televisão mostra as bundas do carnaval.
Em ‘Ônibus - IA’, conto premiado e publicado em caderno especial pelo jornal O Estado de São Paulo, a história de um cobrador de ônibus e a busca de sua própria condição literária são representativos do cuidado como o autor remontou, revisou e, em alguns casos, reescreveu estes escritos, para montar um volume único, uma obra com firme coerência interna, um belo desconcerto.
Como diz a escritora Márcia Denser em seu prefácio: “Assim é que com uma linguagem desprovida de emoção, uma linguagem fria – dos inventários, dos relatórios, onde não faltam cifras, números, estatísticas – o narrador se aproxima dos seus temas e personagens com um olhar paradoxalmente compassivo, humano, solidário, e este é o grande achado literário de Claudinei Vieira: a combinação da linguagem fria à visada quente, mixando imprevistamente objetividade e compaixão. Razão e sensibilidade. Pelas artes e manhas de uma poética extremamente original.”
DESCONCERTO, de Claudinei Vieira
Editora Demônio Negro
edição limitada e por demanda
20,00
Lançamento no Rio de Janeiro
24 de novembro de 2008 – 18:00 hs
Livraria Odeon
Pça Floriano 7 – Loja B – Cinelândia
Mezanino do Cinema Odeon Petrobras
sexta-feira, 21 de novembro de 2008
HOTEL PALÁCIO
sábado, 15 de novembro de 2008
JAVIER-FLÁVIO E MARIA-FLAVIA
E se caminhássemos pela cidade velha com outros olhos, olhos rotineiros que detêm na retina somente os aspectos mais gerais e as preocupações, sem os detalhes de olhos aguçadamente turísticos, será que viveríamos o que eu (Flávio – não Javier) e Flávia vimos?
A realidade está na surpresa de nossos olhares ou ela tangencia para além?
segunda-feira, 3 de novembro de 2008
OFICINA ZONA NORTE EM CRÔNICAS

terça-feira, 28 de outubro de 2008
RETORNO!
quarta-feira, 1 de outubro de 2008
PAUSA - FÉRIAS
segunda-feira, 29 de setembro de 2008
O Precipício
domingo, 28 de setembro de 2008
sexta-feira, 26 de setembro de 2008
Marcelino, marceneiro e seu RASIF

Há como sintetizar as sensações que provei no texto de abertura Da Paz: senti uma diástole expandindo um crescente de sofrimento, de escansões silábicas (algo que permeia toda sua literatura rica em aliterações, sonoridades e ritmo) de conjecturas a cerca do real, das necessidades mais básicas de uma personagem que sofre na carne perdas e tem a pujança, a sapiência de, na sua simplicidade — aliás, outra antítese e completude, característica de Marcelino —, acatar o único movimento seu possível e cistólito: a paz, a letárgica paz, a paz que se fode em alguns de nós.
É nas poeiras, na pedra e na poeira mínima que Marcelino modela uma literatura muito generosa para o leitor — ou seria melhor o escutador, porque, ai! esses contos são para serem lidos e sim! escutados de uma voz líquida e ríspidas nos [é’s], nos balanços da fala. Tenho de retomar o fio, o caminho da poeira marcelinesca, desse marceneiro de simplicidades, de simples cidades, de personagens econômicas que através de uma única voz monologada — por vezes duas — que me fez ser cúmplice, que me fez pegar no paralelepípedo e na corda, na boca da lavadeira, ou dar um grito diante de um sinal. Eu não precisei de parágrafos de abertura, de Mansfield ou de O’Connor ou de Pound ou de o escambau, nem da minha hipocondria, mania minha de morrer doente todos os dias. Estava ali tudo bem dito, bem teatralmente resolvido e conciso, as psicologias, as nuances. Sim, posso me lembrar de alguém ao ler diametralmente Marcelino-marceneiro, lembro e vejo um Blanc, um Aldir, outro cara bem capaz de miscigenar as almas das personagens, expondo-as na lisura de um dedo de espuma do copo de cerveja.
Há um conto que é um delírio, caramba, um delírio mesmo. É Roupa Suja. Me pareceu que todas as personagens dos contos aparecem ali. Todas em busca de um prêmio, de um sonho, de uma batalha que dê algum resultado, que atinja o objetivo. Pois, na verdade estamos todos por/atrás do sabão que a lavadeira conduz na limpeza desse mundo cão. Caramba, e ela consegue, se dá bem. Maravilha. Mas, eu aqui não vou alongar, não vou descrever ou resenhar, vou deixar por conta de quem quiser descobrir e brilhar. A única coisa que vou então acrescentar é que vale muito mesmo.
Bem, no mais o livro está muito bonito (como todos do marceneiro) bom acabamento, superbamente ilustrado por Manu Maltez que de preto preencheu com gravuras os contos — aliás, por si só as gravuras merecem um post.
Bem, no mais again, parabéns para o marceneiro Marcelino por mais um livro. Parabéns para nós que podemos lê-lo.




O autor e o blogueiro
Aproveite e curta esse vídeo de Marcelino lendo o conto Da Paz:
segunda-feira, 22 de setembro de 2008
FRANK WYNNE - EU FUI VERMEER

H. van Meegeren foi um pintor dotado de extrema técnica, no início de carreira ganhou prêmios importantes como o da Technische Hogeschool de Delft (mesma cidade de Veermer). Seu estilo de pintura se aproximava ao das escolas realistas e clássicas (principalmente do barroco do século de o

Mas H. Meegeren não copiava quadros exatamente. Ele se apropriava dos elementos dos pintores do século XVI e XVII e dentro do estilo destes artistas (empregando as técnicas de elaboração das tintas) criava telas, obras que eram suas, falsificava sim as assinaturas.
Para entender melhor a questão, imagine o quanto é difícil atribuir e autenticar um quadro de um determinado período quando muitos artistas não assinavam várias obras. Vermeer foi um pintor do conhecido como século de ouro holandês, além dele, outros artistas trabalhavam na época (Frans Hals, Pieter de Hooch, Jacobus Vrel) apresentavam estilos e temas similares que estavam em voga. Muitos deles debruçavam-se sobre interiores, cenas do cotidiano, mesmos modelos. Assim, sem assinar uma obra, torna-se difícil atribuir a autoria. Entretanto, os especialistas apreendem pequenos sinais indicativos: o formato da moldura, o envelhecimento e o formato do craquelê, os pregos, a composição da tinta, os adereços que compõe a pintura.



A história é ótima e é interessante perceber o drible que ele deu na crítica da época, no mecenato que não reconhecia seu talento. De certo modo, ele desmoralizou todos os museus que adquiriram suas obras. O que nos remete a uma outra questão: Será que tudo que vemos é de fato verdadeiro, autêntico? Por exemplo, pesquisas apontam que nem tudo que lemos de Camões foi realmente produzido por ele. Outro aspecto é se realmente houve plágio, já que Meegeren não copiou nada, apenas a assinatura.
domingo, 21 de setembro de 2008
RASIF - MARCELINO FREIRE

sábado, 20 de setembro de 2008
quarta-feira, 17 de setembro de 2008
ENTREVISTA - ALVARO COSTA E SILVA
Alvaro Costa e Silva é jornalista desde 1988, trabalhou em O Globo, Última Hora, Manchete, entre ourtros, e colaborou com inúmeros veículos. Foi repórter, redator, colunista. Atualmente é editor do suplemento literário Idéias&Livros do Jornal do Brasil. Esta entrevista exclusiva foi concedida ao Rio movediço por e-mail.
Alvaro, quais os principais objetivos do suplemento Idéias?
O suplemento, que existe há 21 anos, acompanha o mercado editorial e as tendências contemporâneas do pensamento. Não necessariamente nesta ordem ou prioriedade. Daí que tem o nome Idéias & Livros, mas podia se chamar Livros & Idéias, porque, preferencialmente, os dois devem vir juntos...
Antigamente, os suplementos literários eram mais volumosos, publicavam análises, críticas e possuíam colunas que priorizavam a educação literária, como, por exemplo, a coluna de Mário Faustino. De certo modo, os suplementos eram um dos pontos de referência para a formação crítica da literatura. Atualmente, no que se refere aos suplementos, esse conceito jornalístico modificou-se, os suplementos diminuíram, assim como diminuíram as resenhas e as análises. Para o senhor, este aspecto de referência formadora existe ou não existe e, caso não exista mais, quais necessidades ocorreram durante o percurso histórico do jornalismo que suscitaram tais modificações?
O que mudou, no geral, foi o jornalismo. No mundo todo. Há pouco tempo houve uma grita nos Estados Unidos, onde o mercado editorial é mil vezes mais poderoso e influente que o nosso, porque importantes suplementos culturais estavam fechando. Meu maior problema é de espaço. A falta dele ou o pouco dele me impede de publicar resenhas e análises mais alentadas. Quanto à "referência formadora", como você chama, acho que ela migrou para os livros e para a academia.
Quais os critérios que o senhor utiliza para elaborar a pauta semanal?
Este é um grande mistério. Escolher o que vai ser capa e o que vai ter apenas um registro. Claro que, como tudo na vida, há forças maiores que se impõem. Livros sobre os quais não podemos deixar de falar, assuntos que estão pulando na nossa cara. Mas, no meu caso, funciona o feeling e, principalmente, muita discussão com os demais companheiros de caderno.
"Livros sobre os quais não podemos deixar de falar (...)" O que é exatamente isso, digo, o feeling também parte de elementos externos, como por exemplo: os eventos culturais, os leitores? E qual o tempo médio que vocês necessitam para fechar a edição?
“Livros que não podemos deixar de falar": qualquer um que seja aqui traduzido do Roberto Bolaño. Acho que é um bom exemplo. O feeling está mais para idiossincrasia que para elementos externos. A edição é bolada com antecedência. Geralmente ma sexta, após o fechamento de quinta, já a tenho na cabeça. Mas posso mudar uma capa, ou qualquer outra página, até na quinta de manhã.
Há, no seu ponto de vista, uma interação entre venda de livros e notícia em suplemento. E até que ponto o aspecto comercial pesa na escolha de uma pauta?
Sinceramente não penso no aspecto comercial. Tenho liberdade, ainda bem. Na verdade, não aceito a obrigação de atualidade no jornalismo cultural. A arte se torna cada vez mais um pretexto para que os meios possam impor fenômenos e tendências. Acho que o leitor é inteligente.
Os suplementos contribuem para a canonização de certos autores?
Não. O que eles podem fazer é, eventualmente, levantar a bola de um autor que não merece. Mas isso a imprensa esportiva faz mais e melhor.
Você tem o hábito de ler outros suplementos, por que motivo e quais?
O principal motivo é a deformação profissional. Outro, o prazer. Babelia, os suplementos argentinos do Clarin, La Nacion e Págiona 12, o do chileno El Mercurio, Granta, Guardian Books, London Review of Books, The New York Times Book Review, o Prosa & Verso, as páginas der livro da Folha e do Estadão, o Rascunho, o Portal Literal. Uma pá deles.
Fora os suplementos, qual a praia de leitura do Alvaro?
Não consigo ler quase mais nada, a não para o caderno. Gostaria de encarar o Proust de novo.
Hoje, na internet, existem vários blogs literários, e de comum acordo salientamos que alguns possuem muitas baboseiras, outros nem tanto, certo? Também temos um prêmio Jabuti que surgiu da Internet (Marcelino Freire). Para você, os blogs literários são um ponto de formação de leitores e escritores?
Acho os blogs, os bons, bem entendido, fundamentais para a formação de leitores. O do Marcelino é um bom exemplo disso.
quarta-feira, 10 de setembro de 2008
POESIA ORAL, OS CARIOCAS:

[1] O Vampiro Ciro de Mano Melo.
[2] A celebração do Instante de Cairo Trindade.
[3] Flávio Nascimento em Deixem os Poetas.
[4] Horizontes de Brasil Barreto.
[5] O Blogueiro daqui recitando na Lapa.
[6] O performer Márcio-André assobiando seu violino para peixes.
[7] O bardo Tavinho Paes no Beco do Rato.
[8] A mulher Graça Carpes na Sala 7 - Vagina.
[9] O dandi bengaleiro Paulo Fichtner no Cep 20000.
segunda-feira, 8 de setembro de 2008
Prosa - Longo Abraço III
terça-feira, 2 de setembro de 2008
Facada

sábado, 30 de agosto de 2008
EDGAR ALLAN POE - O CORVO / VIDEO THE GLOAMING
1. Read the original [HERE].
2. E [AQUI] a tradução de Fernando Pessoa.
3. Neste link [DAQUI] a de Machado de Assis.
4. [ICI] Vous lisez la traduction de Baudelaire.
5. Mallarmé a le [CORBEAU] aussi.
6. Jorge Wanderley traduziu o corvo de seu [ESCRITÓRIO] na Uerj.
7. La [TRADUCCÍON] de Juan António Pérez Bonalde.
quinta-feira, 28 de agosto de 2008
terça-feira, 26 de agosto de 2008
Exercícios Poéticos - Rio Movediço
Material desargamassado.
Janelas mínimas: flutua luz pardacenta.
Subsolora-se com estacas o interior da terra.
Vermes e caramujos e minhocas são teias intrincadas.
Engrenagens.
Uma parede encarcera a trepadeira pedra sobre pedra
sem ligaduras ou massa o homem é solo
Resvala na pedra a lixa que molda formas e palavras minerais.
Reina trança rede e distância que o concreto impõe ao barro.
Da pedra a gengiva evolui à dentição de brita,
E o cálcio e o cascalho cosem a sustância
polindo a beterraba no ventre da mulher,
Substância cidade: unstubosumasmarginaisumascasas.
Extrai-se da força fincada os acordes de uma história argilada
e dedo por dedo e fio por fio constrói-se a deriva
famílias/fóruns/delegacias/varais de remendos/restos
segunda-feira, 25 de agosto de 2008
ANTÔNIO CÍCERO - MINOS

Minos, de Antônio Cícero, é um dos primeiros poemas que uso-exemplifico em minhas oficinas literárias. Às vezes inverto com o Assim nasce o poema, de Ferreira Gullar. Minos está no primeiro livro do autor, o Guardar, publicado pela Record. O motivo de utilizá-lo se resume ao aspecto de tratar da própria matéria criativa de um poema, a poeisis. Mas não sou o primeiro a dar esse aporte, Silviano Santiago, na orelha do livro, no início, já nos dá a dica de uma boa leitura dos poemas de Cícero, diz-nos:
1. Uma fórmula simples para guardar a poesia de Antônio Cícero? Está no poema “Dita”. A poesia é dita. Dita: particípio passado do verbo dizer. Dita: fartura, destino. Dita: casa de detenção. Eis a fórmula simples: dizer o destino do homem na casa de detenção da poesia. Ali se guardam todas as palavras, as dele e as alheias, até mesmo as antigas que construíram Baabel (“Confusão”) e que, depois, se perderam, repetida e incansavelmente no labirinto de “Minos”.
Do que se trata essa matéria nomeada poesia? A percebemos aqui e acolá, não somente no poema em si, mas também numa construção arquitetônica ou em um filme. A poesia está aquém e além, e o poeta, no caso, Cícero, a inquire, a capta, a rapta, a joga e é jogado por ela, com ela, condensando-a dentro de suas inúmeras possibilidades em um artefato criterioso, um labirinto chamado Minos. Assim, ele nos dispõe, gradualmente, o seu fazer poético sem nos ocultar o minotauro que ele desdobra a nós e, por conseqüência, nos expõe a ela. Vejamos a abertura do poema:
"(...) Ao contrário:
Plantei-o no trono do salão central que ergui
para abrigá-lo, na capital do meu reino, no umbigo desta
ilha que eu mesmo tornei centro do mundo.
Que para ele convirjam todos os turistas, todas as rotas
marinhas, todas as linhas aéreas, todos os cabos submarinos,
todas as linhas aéreas, todos os cabos submarinos
todas as redes siderais (...)."
Após confluirmos a leitura linear com as possibilidades imagéticas/visuais, o poema nos sensorializa com repetições labirínticas-sonoras (olha aí a edificação do labirinto do Minotauro):
"(...) Depois, áditos pórticos limiares entradas umbrais aléias
ânditos elevadores passagens escadas ombreiras travessas
portas corredores servidões rampas porteiras vielas
passadouros escadarias portões arcadas soleiras portelas
caminhos galerias sendas portais veredas cancelas
áditos pórticos limiares entradas umbrais aléias
ânditos elevadores passagens escadas ombreiras travessas
portas corredores servidões rampas porteiras vielas
passadouros escadarias portões arcadas soleiras portelas
caminhos galerias sendas portais veredas cancelas (...)"
E assim por diante, repetindo a mesma seqüência por várias vezes, o poema ruma para seu não término, sua infinalização e sua universalidade. Do centro do umbigo e do palácio central, ramificam-se as várias artérias, os vários caminhos poéticos. Nesta parte do poema, aliado ao caráter visual flui a intencionalidade sonora da poética de Antônio Cícero, a criação de um bloco sonoro, repetitivo, denso, com vários substantivos concretos (áditos/pórticos/veredas). Por fim, em Minos apreciamos conjunto logo/imagético/sonoro em todo corpus do poema: Razão> o deslocamento do monstro e sua referencialização como sujeito operante do poema, imagem> a capacidade de criar imagens em um único corpo: os vasos condutores que o conectam com o exterior, som> as repetições que reverberam e ficam retumbando como ecos intermináveis, como uma onomatopéia gritada por um monstro dentro de um labirinto.
Certamente que há outros aportes sobre o poema Minos, mas eu me detenho por aqui, pois as funções basilares deste post são estimular as possíveis leituras do fazer poético, ampliando, por conseqüência, a valorização do mesmo.
sábado, 23 de agosto de 2008
quinta-feira, 21 de agosto de 2008
LANÇAMENTO - REVISTA MANUSKRIPTO

segunda-feira, 18 de agosto de 2008
Sonetos - Camilo Pessanha
Fiquei só! Fora um ato antipático!
Deserta a Ilha, e no lençol aquático
Tudo verde, verde, - a perder de vista.
Porque vos fostes, minhas caravelas,
Carregadas de todo o meu tesoiro?
- Longas teias de luar de lhama de oiro,
Legendas a diamantes das estrelas!
Quem vos desfez, formas inconsistentes,
Por cujo amor escalei a muralha,
- Leão armado, uma espada nos dentes?
Felizes vós, ó mortos da batalha!
Sonhais, de costas, nos olhos abertos
Refletindo as estrelas, boquiabertos...
sábado, 16 de agosto de 2008
VERTENTES
Domingo, dia 17 de agosto às 18h, no Barteliê
Em 2003, Elaine Pauvolid, Márcio Catunda, Ricardo Alfaya, Tanussi Cardoso e Thereza Christina Rocque da Motta lançaram Rios, pela Íbis Libris. Agora Elaine, Catunda, Alfaya e Tanussi se lançam num novo projeto, preparando outra coletânea, que contará também com a poesia de Marcio Carvalho (in memoriam).
A idéia dos quatro poetas de produzirem parcerias em poesia é antiga e pretende desenvolver-se cada vez mais, seja através de recitais ou publicações. O grande aglutinador é o poeta Márcio Catunda que, mesmo fora do Brasil, mantém a chama da poesia acesa. Ele virá exclusivamente para o recital.
Você não pode perder!
Os poetas mostrarão, pela primeira vez, poemas elaborados para uma nova antologia - Vertentes - a ser lançada em breve.
Após o recital, haverá palco aberto para você mostrar a sua poesia também.
Para quem não conhece o Barteliê, trata-se de um apartamento muito simpático, com cara de ateliê e bar. Ou é um bar muito simpático com cara de apartamento e ateliê? Você precisa conhecer.
quarta-feira, 13 de agosto de 2008
Sonetos - Camilo Pessanha
Dos meus olhos, porque não vos fixais?
Que passais como a água cristalina
Por uma fonte para nunca mais!...
Ou para o lago escuro onde termina
Vosso curso, silente de juncais,
E o vago medo angustioso domina,
- Porque ides sem mim, não me levais?
Sem vós o que são os meus olhos abertos?
- O espelho inútil, meus olhos pagãos!
Aridez de sucessivos desertos...
Fica sequer, sombra das minhas mãos,
Flexão casual de meus dedos incertos,
- Estranha sombra em movimentos vãos
terça-feira, 5 de agosto de 2008
ENTREVISTA - MAURO GAMA
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MG: Salve, Flávio, estive lá no seu Blog. Está muito bonito e repleto de grandes atrações.
Os intervalos de tempo se devem a dificuldades editoriais. Nunca tive como financiar uma edição. Nem a compro depois, como fazem outros. Ofereci o Zoozona a diversas editoras, que o rejeitaram tranqüilamente. Já não há José Olympios, e mercenários não faltam, proliferam como cogumelos. Editoras como A Girafa e o Ateliê Editorial, de S. Paulo, são exceções, que têm à frente homens cultos e de grande respeito pela arte poética, José Nêumanne Pinto e Plínio Martins. Além disso, acho não publicar quase tão bom quanto publicar, pelo menos durante a vida do autor. Ele pode mexer mais em seu material e lhe imprimir maior firmeza. Isso a gente aprende com um dos maiores mestres da música de todos os tempos, Johannes Brahms.
Qual a sua relação com as vanguardas poéticas dos anos 50 e 60 e como se apresenta a práxis criativa na sua produção literária?
MG: Na década de 50 eu era adolescente, já escrevia mas não publicava poemas. Na década de 60, colaborei (com material do segundo livro, Anticorpo) na revista Praxis, dirigida pelo poeta paulista Mário Chamie. Eu e outros poetas cariocas víamos afinidades entre o que fazíamos e a prática poética do Mário. Meu primeiro livro, Corpo verbal, já estava escrito quando conheci o Chamie, a revista e Cassiano Ricardo, grande poeta que sempre deu apoio à vanguarda literária. A minha poesia, assim como a dos outros poetas cariocas da época, não tem nada a ver com as propostas teóricas da revista Praxis. Só um ou outro leitor de superficialidade muito obtusa nos vincula à plataforma do grupo. Ou então um ou outro confrade desonesto, com má-fé, para gabar sua suposta "independência": alguns dos que, com essa atitude, chamaram o nosso trabalho de "poesia-práxis" são copistas de poesia portuguesa consagrada ou da norte-americana beatnik. Em todas as literaturas do mundo escritores podem-se reunir numa revista. No Brasil, não. A epistemologia do brasileiro é o preconceito.
Interessante a questão sobre o preconceito... Como é possível localizá-lo? Digo, por qual viés ele se apresenta, pelo econômico, dado que a disponibilização de recursos como bolsas, prêmios, feiras e congressos são mínimos e não contemplam os vários poetas que fazem um trabalho sério? Ou pelo nucleamento de confrades? Ou o preconceito está na academia, na sua prática seletiva e restritiva?
MG: Não, veja bem. Quero dizer que, por falta do hábito de leitura e do aprendizado sistemático, o brasileiro, em geral, tende a avaliar as pessoas e as coisas através do preconceito, da noção acrítica e emotiva. Nossa sociedade é toda minada pelo preconceito (social, racial ou étnico, moral, sexista, regional, etário etc. etc.) e, nos círculos de escribas e artistas não é muito diferente. Entre outros preconceitos e prevenções que se vêm mantendo nesses meios, está o da oposição ao “grupo”, à associação, a qualquer tomada de posição coletiva. Como se o artista tivesse de ser ainda mais individualista do que os outros, de uma originalidade rigidamente pessoal,“imaculada”, coisa que, é claro, não existe. Na verdade, eu só quis tocar nesse ponto; os outros se mostram em toda parte: no plano econômico, que você citou, em que se insiste em dar à literatura – e a outras atividades – uma função elitista, “elevada” e “enobrecedora” (quando ela precisa exatamente estar livre para esculhambar tudo, se for preciso); ou no plano do academicismo, que lhe é correlato e tende a discriminar o escritor às avessas, num clube fechado, de nababos bem nutridos e porta-vozes do privilégio. Aliás, o privilégio, que no Terceiro Mundo é um dos maiores alicerces do poder, é outro fruto do preconceito, ativo e passivo.

Segundo minha leitura, há em Zoozona uma celebração à vida. A aglutinação vocabular de Zôo e Zona gera um painel temático no qual, na primeira parte, vários animais se humanizam, sendo que cada poema apresenta um animal-tema que é potencializado sentimental-espacialmente e cada um guarda sua característica essencial, seu universo e modo particular de se relacionar com a natureza. Já na segunda parte, a zona, o foco temático é a prostituta. A mulher, ali, é a terra-mãe. Houve, de sua parte, uma possível tentativa de um mosaico natureza-mãe geradora de vida e também a constituição de um kosmos maior que engloba o Zoo (natureza>campo) à Zona (cidade>concreto), Kosmos, esse livre e crítico, reflexo de paradigmas e relações sociais?
MG: Sim, sem dúvida, e tenho de louvar o modo como você percebeu essas coisas. Celebro a vida ao mesmo tempo mais verdadeira e mais ameaçada. As relações sociais percorrem o livro todo, envolvendo também a situação do país em relação aos outros, sobretudo os EUA. É uma poesia de crítica e denúncia permanentes, a partir da ternura pela vida e, especialmente, pelos seres que, ao contrário de nós, vivem aquém da opção e da consciência ativa.
Em se tratando da forma, um dos matizes presentes nos seus poemas de Zoozona e Marcas na noite é o recurso fanopéico. No seu laboro, o som puxa o som, assim como a palavra- puxa- palavra?
MG: Certamente. Não sei se diria "fanopéico": são recursos fonéticos, como aliterações e paronomásias interativas. Você fez bem em lembrar o "palavra-puxa-palavra". Num ensaio memorável (Esfinge clara, 1955), Othon Moacyr Garcia estuda isso na poesia de Drummond. Vem de longe, portanto, mas eu de fato procurei sistematizar esses meios. Há na minha poética um inegável caráter estrutural, isto é, um modo de construir o texto em que os significados e os significantes se tornam indissociáveis do ponto de vista expressivo.
6. Rinoceronte
É o que tem uma sólida bagagem
o candidato de peso ainda mais
que protegido soldado pela
blindagem. Espesso de vista
curta- bólido em massa explosiva
de rumo e bitola reta – quem
melhor pode afrontar (ou esmagar)
leopardos e lebres livres? É todo
de pedra e placa concentração
de granito: não fosse um duro
pendor para a solidão e um
fundo de olhar aflito ou
essa modéstia às vezes de
ter um chifre somente seria
um chefe inconteste na alheia aldeia
dos homens perito em roubos
serviços de arrombamento
e finanças suplícios e morticínios
triturador de detentos tonel
de desesperanças – o líder mais
resistente e o mais apto já visto:
ah! Se não fosse inocente
MG: É verdade, particularmente nessa fase. É bom, aqui, lembrar a cronologia dessa produção: o Zoozona foi escrito de 1979 a 84. Marcas na noite, de 1969 a 78. Concebo o texto poético como um objeto autônomo no contexto da página e "curto" até a forma exterior que ele assume. Uso 'enumeração caótica' e cortes bruscos em coletâneas posteriores, ainda inéditas.
Vêm do sol – posto estes maduros rostos
por entre as folhas os pendões os ventos
vêm sedentos os lábios em frios timbres
noturnos os véus cobrindo os sussurros
num toque de violeta beijo e rendas;
sem que apreendas os nomes a etiqueta
certa em meio aos ruídos indistintos
estalidos nas estantes recortes de
diálogos distantes se acendendo ou
se apagando: e pior desgosto que o
de ouvir e até rever esses rostos
é olhar a paz e o pó dos vidros ou
dos lenços os cheiros e os papéis
se desbotando e escutar em tudo isso
o seu silêncio seu mais liso sedimento
de silêncio na madeira do ar – na poeira.
Antônio Houaiss, no prefácio, te nomeia como o poeta de outros carnavais. Em quais carnavais o senhor se insere no âmbito contemporâneo de nossa poesia?
MG: Houaiss se refere a outros patamares do desenvolvimento da minha linguagem, acredito que particularmente aos conflitos assumidos entre o Corpo Verbal e o Anticorpo, o primeiro de lirismo quase hermético, o segundo todo crítico e repleto de agressividade política. "De outros carnavais" também quer dizer, figurativamente, "de outras obras", "de outras oportunidades".
MG: No Brasil, infelizmente, sempre se importou e se macaqueou demais. Como você é professor de português, deve-se ver louco ante a passividade com que, hoje, se incorporam todas as sobras do inglês que rola pelo mundo. Na literatura das gerações mais recentes, quero dizer, da década de 1980 para cá, confesso que vejo menos dessa atitude "importadora", embora tenha sido rara sua substituição por outra necessariamente melhor, de maior inventividade ou coisa parecida. Vejo muita confusão, depois de várias décadas de falência educacional. A mesma coisa acontece com as outras artes: há no cenário dezenas de contribuições precárias, indefinidas, mas cujos autores procuram "aparecer" seja como for, e promover esse aparecimento.

MG: Sim, a tradução, levada a sério, possibilita um mundo de novas trocas, sendo excelente exercício para o poeta e o escritor em geral. Penso sempre na necessidade de se transcriar ou recriar. Meu critério está definido na teoria e na prática daquela coletânea de Michelangelo. Tenho algumas outras experiências, de poetas da língua inglesa e francesa. Para a minha posição, texto não “se adapta”, não “se facilita”, nem “se atualiza”: se passa para um texto e contexto lingüístico equivalentes. Por isso passei o italiano do renascentista Michelangelo para o português do renascentista Camões. Tudo ali está no século XVI. Dá trabalho. É preciso pesquisar a datação de cada palavra. Nenhuma das que usei nos poemas traduzidos apareceu depois, nos séculos XVII ou XVIII, p. ex.
MG: A Internet reflete em todos os seus aspectos o caos dos nossos dias. Tem de tudo, 95% de lixo comunicativo ou comunicóide, mas também instrumentos preciosos de expansão da literatura e dos conhecimentos, como o Google, a Wikipedia etc. Entre os nossos sítios brasileiros, recomendo menos os de discussão estéril, com cacoetes e cagações de regra de natureza acadêmica, e mais os blogues vivos como o Balaio, dirigido pelo poeta Moacy Cirne, com amplo espectro de divulgação literária e ideológica, e o seu espaço, o Rio Movediço.
MG: Tão logo uma editora queira publicar um dos meus cinco ou seis livros de poemas ainda inéditos, inclusive os mais recentes. O último deles, Com'andantes, parece ser uma culminância do que consegui até o momento. Tenho também dois livros de crítica e história literária, e muitos volumes de diário, que ainda preciso pentear.

segunda-feira, 4 de agosto de 2008
FLAP- À DOIS PALITOS DAQUI, FAZ-SE LITERATURA EM SP
Bem, o título era mesmo para ser sensacionalista. Contudo, por uma via perpendicular, a ida da Globonews provocou um parto interessante de idéias, pois o repórter queria-porque-queria saber, com essa muita vontade peculiar aos jornalistas, qual a maior diferença entre os poetas da FLAP! e os mais poetas mais antigos. Hum, geração zero-zero, geração zerada, ai, ai, o que pode ser agora um reluzente par de ovos brancos e apodrecer rapidamente pra feder. A ressaca odoborogodó & outros gorós dá aquele rolê na loja de conveniência dos lugares comuns e blábláblá e não responde nada. Isso foi umas 13h.
ana rüsche
sábado, 2 de agosto de 2008
quarta-feira, 30 de julho de 2008
Extratos - Mario Faustino

Segue abaixo alguns extratos da folha Poesia- Experiência do JB. Este trecho foi extraído do livro De Anchieta aos Concretos, organizado por Maria Eugênia Boaventura e publicado pela Companhia das Letras em 2003. Pags 483-84
(...)
Confúcio: Se um homem sabe se manter vivo o que é velho e reconhecer o que é novo, poderá, um dia, ensinar.
W. H. Auden: "Por que queres escrever poesia?" Se o jovem responder: "Tenho coisas importantes a dizer" então não se trata de um poeta. Se responder: "Gosto de vagabundear no meio das palavras e de ficar escutando o que elas dizem" então pode ser que seja que ele venha a ser um poeta.
Tomás de Aquino: Três coisas necessárias à beleza: integridade, harmonia e clareza.
Hegel: O Homem deveria orgulhar-se mais de ter inventado o martelo e o prego do que ter criado obras-primas de imitação.
Ezra Pound: A maestria em uma arte é trabalho para uma vida inteira. Não me agradaria fazer qualquer discriminação entre o "amador" e o "profissional" - se o fizesse seria, freqüentemente, em favor do amador - mas faço discriminação entre o amador e o perito. O certo é que o caos atual durará até que a arte da poesia tenha sido metida à força garganta adentro do amador, até que haja conhecimento geral do fato de que a poesia é uma arte, e não um passatempo; e conhecimento geral da técnica; da técnica de superfície e da técnica de conteúdo; - até que amadores cessem procurar tomar o lugar dos mestres.
Benedetto Crocce: Existe uma affirmation amause de Mallarmé, amiúde citada com admiração: "Não se faz poesia com idéias, e sim com palavras"; sobre a qual é necessário observar que, ao contrário, poesia não se faz nem com os mots, vocábulos, nem com les idées, conceitos, e sim com a própria poesia, com essa criação da fantasia que é, justamente, o próprio ato, palavra viva.
domingo, 27 de julho de 2008
quarta-feira, 23 de julho de 2008
AINDA FLAP 2008
