quarta-feira, 17 de junho de 2009

AVELLANEDA

a Mario Benedetti

Ali está a porta que encerra,
decerto, vozes em suas nódoas
de madeira com a mesma feição
que a garganta resseca a poeira.
Adiante à porta imagina-se o choro
suado e salgado de alguém que diz:
Avellaneda e eu. E que bom seria
se você viesse mais uma vez.
Viesse a última, a única,
por Deus, viesse mais uma vez
riscar meu corpo com o batom
enquanto te beijo de carbono.
Se eu soubesse o que há por lá
por traz desse infinito platão
não seria então tão estático,
duvidoso, de versos sisudos.
Rasgaria sim, rasgaria
os lanhos de madeira com estrondo,
ávido de uns beijos matinais,
de um abraço de sua alma,
agora seca e muda.

4 comentários:

Leonardo Pergaminho disse...

Gosto de poder olhar o que leio, e ler com meus olhos tudo o que me toca além, tocante, simplismente tocante,e forte, adorei!

Flávio Corrêa de Mello disse...

leo,
este poema é uma homenagem ao Benedetti, um escritor uruguaio maravilhoso. Avellaneda é uma personagem do romance dele, a tregua. Vale muito ler, é bom demais.
abraços e obrigado pela visita.

giselen disse...

Esse poema é dedicado a personagem Avellaneda, estagiaria do personagem principal do Romance A tregua, de Mario Benedetti, uruguaio. Lindo livro, que te impressiona e faz voce ter vontade de ler e ler e participar, se intrometer na vida dos personagens e interferir nas suas condutas.

Belissima obra.

Eduardo Tornaghi disse...

Muito legal o poema, cheio de sugestões. Escrever é muito legal né?