Vi um peixe silencioso e mínimo,
paciente, escondido num pequeno
coreto de corais. Vi, só eu o vi.
Só eu vi suas bolhas
sonoras atraindo outros peixes
menores. Solitários.
Veio um que só eu vi. Atraído
pelas bolhas veio
escorregando as escamas,
deslizando por entre crustáceos.
Os olhos opacos dos dois peixes
se destacaram quando
se encontraram.Um aflito e esquivo.
O outro seco e esquizo, esguio.
Era meio-dia, quando meu amigo
olhava o mundo pela janela e gritou:
Mundo louco esse! Olha lá!
Um pivete acabou de esbofetear um camarada.
Deixa pra lá, eu disse, enquanto
assistia, no meu aquário de relaxamento,
meu serial killer predileto.
4 comentários:
Que sintonia Flávio, ontem estava num restaurante, ao meu lado um baita aquário, ficamos horas discutindo os peixes para depois concluirmos: liberte-os no mar! E aqui, mergulho nessa beleza dos teus poemas, nesses exercícios poéticos, que tanto gosto. Lindo, meu amigo. Lido e relido em voz alta, aqui neste apartamento cravado no mar urbano de Sampa. Beijo!
Muitas vezes, Tati, acho que a nossa distância é inexistente e isso é que faz uma amizade valer mesmo. É saber que a cada encontro o tempo e a distância são meros detalhes superados em um abraço gostoso, amigo.
bjs
Flávio,
Interessante... porque, em princípio, todos os peixes deveriam ser cristãos... mas, em todo caso, me parece que um cristão é capaz de eliminar alguns outros de sua fé...
Enfim, interesante...
- Henrique Pimenta
Olá Henrique,
Eliminar algum outro da mesma fé é corriqueiro, só depende da ocasião...
abraço e obrigado pela visita!
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