O tempo é nublado e mormaço. Tem alguns zumbidos de mosquitos estalando próximo ao pescoço. O barulho do rio movendo-se. Sentado na margem do rio, entre o capinzal que esconde insetos e anfíbios escorregadios, ele observa o marolar. A roupa está esfarrapada. A camiseta regata: amarela. A calça de tons marrons tem mais do que a cor somente, tem também uma pasta viscosa colada ao tecido. Não há cheiros. Uns peixes nadam nas bordas do rio. Peixes escuros e velozes, passeiam num ir e vir constante, movimento migratório. São muitos e aproximam-se dele, olham-no certeiros, e depois partem em direção ao desconhecido, seguindo o fluxo das águas, esgueirando-se entre as rochas e as algas, nadando nas corredeiras.
Do outro lado existem árvores com jeito de esquecidas, suas folhas caídas emolduram o tronco. Em algumas, as folhas descem da copa como uma massa amarronzada ou areia movediça, acúmulo de húmus, de vermes, de minhocas, de vida, mas não uma vida sólida, embora consistente, apesar de líqüida também, uma vida espessa que se expande pelas árvores e se mistura ao solo. Vida esquiva e escorregadia.
Há na largura de uma margem até a outra uma medida que não se escandeia por ninguém, só por aqueles olhos, únicos olhos presentes no ato e no dia desconhecido. Olhos cheio de artérias saltando por fora das pupilas. No meio, pulsando velozmente, passa o rio que ele não sabe onde nasce, nem onde finda. Mas do lado em que ele se posta de cócoras num movimento encarquilhado cheio de curvaturas, ele tenta auscultar com a vista a longa passagem que se delineia de um ponto que vai giratoriamente o circulando, colocando-o no centro de tempo sem sol. Ele não visualiza o que está se descortinando por detrás da margem do rio movediço porque não está consciente, porque neste momento ele é ausência, vácuo e ponto suspenso. É sono. E balança na cama de um lado para o outro lentamente, como se estivesse em um barco deslizando pelo rio, sendo ninado. Sonhando.
Do outro lado existem árvores com jeito de esquecidas, suas folhas caídas emolduram o tronco. Em algumas, as folhas descem da copa como uma massa amarronzada ou areia movediça, acúmulo de húmus, de vermes, de minhocas, de vida, mas não uma vida sólida, embora consistente, apesar de líqüida também, uma vida espessa que se expande pelas árvores e se mistura ao solo. Vida esquiva e escorregadia.
Há na largura de uma margem até a outra uma medida que não se escandeia por ninguém, só por aqueles olhos, únicos olhos presentes no ato e no dia desconhecido. Olhos cheio de artérias saltando por fora das pupilas. No meio, pulsando velozmente, passa o rio que ele não sabe onde nasce, nem onde finda. Mas do lado em que ele se posta de cócoras num movimento encarquilhado cheio de curvaturas, ele tenta auscultar com a vista a longa passagem que se delineia de um ponto que vai giratoriamente o circulando, colocando-o no centro de tempo sem sol. Ele não visualiza o que está se descortinando por detrás da margem do rio movediço porque não está consciente, porque neste momento ele é ausência, vácuo e ponto suspenso. É sono. E balança na cama de um lado para o outro lentamente, como se estivesse em um barco deslizando pelo rio, sendo ninado. Sonhando.
Um comentário:
Oi, Flávio.
Que bom te rever por aqui!
Volto com mais tempo pra dois dedos de prosa, tá?
Beijo.
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