Assisto no You Tube os ossos esmaecidos de uma criança tornarem-se cada vez mais vermelhos por conta do fósforo empregado durante os bombardeios. Por um instante, imaginei aquela criança correndo atrás de bolinhas de gude de várias cores, brincando de pique esconde ou de pique-tá, como uma criança qualquer, embora há muito naquele estreito, naquela faixa não há crianças com sorrisos alvos, brincalhonas, despreocupadas. Nem as crianças de hoje, nem as de duas ou quatro décadas. O que existe por lá são sombras e gases, espécie de sobrevida que me faz sentir, agora, as crianças fugindo das bolas de sangue que sobrevoam os ares da faixa, da nossa faixa. Sim, nossa faixa, posto o que me resta é a impotência de assistir o novo holocausto e tentar me solidarizar com breves textos contra o que mais deploro, a covardia.
Li uma frase de Shimon publicada no jornal de hoje, ele dizia: "Muitas crianças palestinas estão morrendo. E quase nenhuma criança israelense foi morta. Por quê? Porque cuidamos das nossas crianças". Este mesmo Shimon foi premiado com o Nobel da Paz. Nele, vejo somente a paz das bombas, das flores de Hiroshima que insistem em permanecer nos corações insuflados, tomados de um ódio infundado. Nele, vejo somente a paz neurótica de alguém que por ser de um povo que muito sofreu com o Holocausto, pratica sem escrúpulos um morticínio que muito se assemelha ao sofrido outrora. De modo que os israelenses aparentam precisar do Holocausto para se justificar em qualquer ato em nome de seus interesses. É uma ferida que nunca sara de um povo pretensiosamente eleito para governar o mundo ou pelo menos a extensão daquela faixa menor que o estado do Rio de Janeiro.
Li uma frase de Shimon publicada no jornal de hoje, ele dizia: "Muitas crianças palestinas estão morrendo. E quase nenhuma criança israelense foi morta. Por quê? Porque cuidamos das nossas crianças". Este mesmo Shimon foi premiado com o Nobel da Paz. Nele, vejo somente a paz das bombas, das flores de Hiroshima que insistem em permanecer nos corações insuflados, tomados de um ódio infundado. Nele, vejo somente a paz neurótica de alguém que por ser de um povo que muito sofreu com o Holocausto, pratica sem escrúpulos um morticínio que muito se assemelha ao sofrido outrora. De modo que os israelenses aparentam precisar do Holocausto para se justificar em qualquer ato em nome de seus interesses. É uma ferida que nunca sara de um povo pretensiosamente eleito para governar o mundo ou pelo menos a extensão daquela faixa menor que o estado do Rio de Janeiro.
Parafraseando José Saramago: David agora é Golias. Risca os céus com aviões e tanques, com sua ação pacificadora de metal. David agora não é o rei alegre, músico e amante do vinho. É sim, na verdade, um braço extensivo de um império que se assume como a polícia do mundo, a polícia do petróleo, das matérias primas exauridas. Alías, por onde andam as armas bioquímicas que até hoje não foram encontradas no Iraque? Ainda, David é um Golias visivelmente sórdido e covarde, pois se auto-proclama oprimido e atacado por um povo que tem de lançar como último recurso de sobrevivência o martírio, o suicídio. Como há de se comparar forças assim tão desproporcionais?
Não resta dúvidas, se nada for feito na tentativa de acabar com este morticínio deplorável, com essa situação infernal, as crianças israelenses brincarão de bolinhas de gude pelas praias do mediterrâneo com olhos, dentes e pedaços de unhas do que restará do povo palestino. E essas mesmas crianças terão a mancha de sangue na ponta de seus dedos, uma herança terrível, um fardo que será cobrado em cada olhar estrangeiro, não somente no olhar árabe. É o que o povo alemão sentiu por muito tempo e que agora, parece, respirar aliviado, já que encontrou um substituto ideal no hall das atrocidades humanas.
Um comentário:
Ótimo texto, cara. Aliás, vou adicionar o seu espaço na Feira de Blogues do Balaio. Agora mesmo. Um abraço.
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